Faculdade de Ciências Médicas

Avaliação psicológica e psicoterapias em medicina

Código

11196

Unidade Orgânica

NOVA Medical School|Faculdade de Ciências Médicas

Departamento

SP

Créditos

3

Professor responsável

Prof. Doutor Manuel Gonçalves Pereira

Objectivos

A Unidade Curricular (UC) pretende, na sequência da UC Psicologia Médica e Medicina Comportamental (PMMC), desenvolver conhecimentos e competências complementares de avaliação psicológica/psicossocial e intervenção psicoterapêutica (com utilidade na medicina clínica e em saúde pública). ‘Psicoterapia’ é um termo genérico para intervenções não farmacológicas com recurso à interacção entre um terapeuta (que pode ser um médico) e uma pessoa/família/grupo. Os objectivos incluem a exploração de pensamentos, emoções e comportamentos em geral, numa perspectiva de resolução de problemas (como na adaptação à doença) ou de alcançar níveis mais adequados de funcionamento, conhecimento pessoal ou bem-estar.

 

A UC PMMC assegurará ao aluno as atitudes, conhecimentos e competências estritamente necessários nesta área. Na sequência de PMMC, esta UC visa o seu desenvolvimento, com treino teórico-prático e prático, num grupo lectivo reduzido. Potenciando capacidades de intervenção médica não estritamente farmacológica, a UC visa também fundamentar opções futuras de especialização.

 

A avaliação psicológica/psicossocial e as psicoterapias têm graus de diferenciação técnica. Por exemplo, é importante avaliar a personalidade ou a qualidade de vida do doente ao programar cuidados. Mais raramente e com indicações precisas, o médico pode requisitar avaliações complementares (para as quais não tem competência específica).

Por outro lado, qualquer clínico utiliza métodos psicoterapêuticos básicos (como a escuta activa), não havendo geralmente indicação para psicoterapias estruturadas, que requerem treino específico. Contudo, o desenvolvimento de competências na relação/intervenção psicoterapêutica pode, por exemplo: potenciar a adesão aos tratamentos farmacológicos ou, nalguns casos, evitar medicações desnecessárias; ajudar a dar más notícias, em casos complexos; ser útil em intervenções elementares com casais ou famílias, em consultas do quotidiano. Trata-se de competências clínicas universais, a abordar no contexto médico geral (não estritamente psiquiátrico). Muitas destas competências ajudam a motivar mudanças de comportamentos, como no tabagismo/dependências. Noutros casos, havendo indicações para psicoterapia formal (a realizar em psicologia clínica ou psiquiatria), as indicações de referenciação devem ser claras.

 

Aprofundam-se ainda temas de outras UCs (Introdução à Medicina, Introdução à Prática Clínica, Introdução às Neurociências, Famílias-Saúde e Doença, Doente Idoso), com enfoque em tópicos de psicologia/psicopatologia e numa perspectiva de ligação às UCs clínicas de Psiquiatria e Saúde Mental. Embora tome os aspectos do envelhecimento como base de trabalho importante, tendo em conta os locais previstos para as aulas práticas clínicas, a UC em proposta tem por objectivo transmitir conhecimentos e competências transversais a outras fases do ciclo de vida.

 

Pré-requisitos

 

Conteúdo

1.      Conhecimentos aprofundados sobre Psicologia e Sociologia em Medicina (com atenção a aspectos da estrutura e dinâmicas familiares, dos cuidados informais na doença crónica e do envelhecimento em geral).

2.      Aspectos psicológicos em quadros clínicos particulares (e.g. demências, doenças cérebro-vasculares, diabetes, neoplasias, asma, doenças dermatológicas, fadiga crónica, dôr crónica, s. cólon irritável, síndrome pré-menstrual).  

3.      Avaliação psicológica na prática clínica (formas, indicações, papel do médico); avaliação psicossocial (e.g. no âmbito da funcionalidade, das necessidades de cuidados, da qualidade de vida e da espiritualidade em Medicina).

4.      Introdução às psicoterapias, com incidência nas intervenções familiares e cognitivo-comportamentais (formas, indicações, papel do médico)

5.      Bases psicoterapêuticas da prática clínica e aspectos avançados de comunicação em saúde e relação médico-doente (factores comuns da relação terapêutica; transferência e contra-transferência; efeito placebo, iatrogenia e adesão aos tratamentos; a experiência subjectiva do estudante de Medicina e do médico face às dificuldades clínicas). Situações específicas (e.g. consultas com famílias na doença grave ou em crises).

6.      Mudança comportamental e entrevista motivacional (teoria e prática de técnicas de mudança comportamental em saúde - e.g. cessação tabágica, adesão ao tratamento, adaptação à doença, comportamentos de promoção e prevenção em saúde)

7.      Investigação em Psicologia Médica e Psicoterapias (exemplos, nomeadamente na área dos métodos qualitativos; interpretação de resultados)

 

Bibliografia

§  Alder B., Porter M., Abraham C., Van Teijlingen E., Porter M.: Psychology and Sociology applied to Medicine. An Illustrated Colour Text. 3rd edition. Churchill Livingstone, Elsevier, 2009.

§  Ayers S., de Visser R.: Psychology for Medicine.  Sage, 2011. ISBN: 9781412946919

§  Bates’ Guide to Physical Examination and History Taking. Lippincott & Wilkins. 13th edition, 2013.

§  Caldas de Almeida, J.M.: Intervenção psicoterapêutica em clínica geral. In Caldas de Almeida JM, Machado Nunes J, Carraça I, eds. Saúde Mental na Prática do Clínico Geral. Edições do Instituto de Clínica Geral da Zona Sul, Lisboa; 1994; p.113-120

§  Fadem, B.: Behavioral Science in Medicine. Baltimore, Lippincott Williams & Wilkins, 2004.

§  Miller, W. R., & Rollnick, S.: Motivational Interviewing: Preparing People for Change. New York, Guilford Press, 2002.

§  Mota Cardoso, R.: Competências clínicas de comunicação. Porto, Ed. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2012.

§  Sampaio, D. & Resina, T, (eds): Família: Saúde e Doença. Lisboa, Instituto de Clínica Geral da Zona Sul, 1994.

§  Wedding D., Stuber M.L.: Behavior & Medicine. 5th Edition. Hogrefe Publishing, 2010. ISBN 978-0-88937-375-4

 

Esta bibliografia poderá ser complementada com textos indicados no sumário de cada aula teórica.

 

Método de ensino

A UC destina-se, no ano lectivo 2014/2015, ao 4º ano do MIM, num máximo de 20 alunos. As aulas teórico-práticas e práticas não-clínicas destinam-se ao total dos alunos na UC. São conduzidas, em parceria, por docentes com especializações diferentes, integrando perspectivas diferentes na aplicação dos conteúdos teóricos à discussão participada de casos. Envolvem: 1) discussão de conteúdos teóricos, com trabalho sobre artigos/situações/vinhetas clínicas; 2) discussão de vídeos; 3) treino directo em aspectos de comunicação médica relacionados, com simulação e feedback. Nas aulas práticas clínicas, os alunos dividem-se em grupos de 2-3 e acompanham os assistentes, com tarefas específicas, em unidades de saúde protocoladas com a FCM-UNL (Hospital do Mar e outros locais, a designar em função do número de alunos inscritos).

Método de avaliação

A avaliação é distribuída ao longo do semestre sem avaliação final (“exame”). Compreende componentes de avaliação contínua (assiduidade, participação nas tarefas das aulas teórico-práticas e práticas) e periódica (trabalho individual ou em grupo, a apresentar no final do semestre).

 

A nota final da UC corresponde à média aritmética do resultado da avaliação contínua e do trabalho final (apresentação oral e escrita). A aprovação implica um resultado de pelo menos 10 valores em cada um destes componentes.

 

A frequência mínima é de 2/3 do total das aulas, sem o que não é possível atribuir uma nota na avaliação contínua: o aluno considera-se reprovado. Para os alunos que legalmente estejam isentos de um número mínimo de presenças na UC, a avaliação contínua será substituída por um exame oral, a realizar no último dia de aulas.

 

Cursos