
Comunicação Científica (Medical Writing)
Código
101181
Unidade Orgânica
NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas
Créditos
3
Professor responsável
Prof. Doutor Pedro Alberto Escada
Língua de ensino
Inglês (materiais de apoio, handouts das aulas, etc.) e português (exposições e discussão).
Objectivos
Objetivos gerais da unidade curricular:
Tradicionalmente, em ciência e na medicina tem sido valorizada a comunicação académica e a comunicação entre os pares, através de publicações com peer review, ou de conferências, comunicações orais ou em cartaz que são realizadas nas reuniões científicas, e menos valorizada a comunicação dirigida aos que estão fora destas áreas de expertise, quer pertençam a audiências específicas, como os doentes ou os jornalistas, quer façam parte da população ou do público em geral.
Todavia, na atualidade, os cientistas e os médicos são cada vez mais solicitados a comunicarem eficazmente os propósitos ou os resultados dos seus trabalhos fora da academia ou da sua classe profissional. Este desafio resulta das exigências das instituições a que estão ligados e a quem têm que prestar contas e justificar o seu trabalho, das agências financiadoras, mas também dos doentes, da opinião pública e da população em geral, que cada vez mais exigem participar, com conhecimento e compreensão, nas decisões individuais dos seus tratamentos ou nas decisões públicas acerca dos financiamentos ou das políticas da investigação e de saúde.
Durante o curso de doutoramento, os alunos terão que comunicar os seus projetos e os seus resultados a diferentes audiências: a si próprios, ao seu orientador, aos professores, aos avaliadores, aos seus colegas, aos seus pares (através de comunicações científicas ou publicações), e possivelmente a agências ou a instituições financiadoras. Os médicos também deverão preocupar-se com a qualidade da sua comunicação com os doentes que tratam. Além disso, médicos e cientistas terão sempre que comunicar a ciência nas suas atividades de ensino, e podem ter que comunicar a ciência a jornalistas ou mesmo à população em geral. É também necessário reconhecer a importância crescente dos social media para comunicar a ciência a diversas audiências, em ferramentas como o Facebook o Twitter, a Wikipedia e muitas outras.
A educação médica tem vindo a preocupar-se com a preparação que os médicos devem ter para comunicarem eficazmente a ciência, qualquer que seja a audiência e a forma de comunicação que seja utilizada. Comunicar não é só transmitir conhecimento, mas sim ser capaz de utilizar os recursos adequados para fazer a ponte entre os conhecimentos e o interesse da audiência, por um lado, e o conteúdo da comunicação, por outro lado. Comunicar eficazmente é fazer passar uma mensagem que foi preparada para ter um efeito numa audiência específica: recordar essa mensagem, utilizá-la ou reagir e responder.
O objetivo desta unidade curricular é o de desenvolver competências para comunicar eficazmente como cientista e como médico, tendo em atenção a audiência e utilizando os recursos apropriados.
Objetivos específicos (objetivos de aprendizagem):
No final da unidade curricular os alunos deverão ser capazes de:
1. Descrever as características da comunicação eficaz;
2. Nomear as diferentes audiências a que se dirige a comunicação científica; descrever os diferentes tipos de comunicação científica sob a forma escrita e sob a forma oral; e selecionar o tipo de comunicação mais apropriado para a audiência a que se dirige;
3. Descrever as vantagens da comunicação eficaz com os doentes, nomear as componentes dessa comunicação, evitar comportamentos negativos para a comunicação e reconhecer que os comportamentos positivos podem ser praticados e desenvolvidos;
4. Preparar adequadamente um manuscrito e submetê-lo para publicação numa revista científica de publicação periódica;
5. Preparar adequadamente uma comunicação oral ou um poster e a apresentá-los numa reunião científica;
6. Ser capaz de comunicar com eficácia nas aulas, em painéis e discussões nas reuniões científicas e em outros tipos de comunicação da ciência: mensagens eletrónicas, memorandos, relatórios, cartas de recomendação, candidaturas profissionais, etc;
7. Preparar um curriculum vitae;
8. Enumerar os tipos de comunicação dirigidos a audiências não especializadas e reconhecer as suas particularidades. Reconhecer as particularidades que tornam um facto científico interessante para os media. Reconhecer o papel crescente dos social media na comunicação da ciência e no ensino médico.
Pré-requisitos
Conteúdo
1- Apresentação da Unidade Curricular
: da comunicação entre os pares à comunicação para todos os públicos; diferentes tipos de comunicação em ciência e em medicina.2- Redação e publicação de artigos em revistas científicas com peer review I: tipos e estrutura dos artigos e a sigla IMRAD; título e resumo; autoria; ética em publicação.
3- Redação e publicação de artigos em revistas científicas com peer review II: estilo e gramática; referências bibliográficas; documentos e checklists orientadores; peer review.
4- Comunicação na prática médica: importância da comunicação eficaz na satisfação do doente, do médico e nos resultados em saúde; skills de comunicação essenciais para a prática médica.
5- Discussão e avaliação intercalar
6- Comunicações orais: estrutura (introdução, desenvolvimento e conclusão); recursos de apoio; a apresentação; perguntas e respostas; participação em aulas, painéis e outras sessões científicas; Comunicações em cartaz (poster).
7- Outros tipos de comunicação escritas e orais: mensagens electrónicas, memorandos, relatórios, cartas de recomendação e candidaturas profissionais. Comunicações para o próprio e acerca do próprio: notas, relatórios; curriculum vitae.
8- Comunicação com os jornalistas, com os media e o público: utilizações, benefícios, limitações, recomendações e tendências. Os social media: sítios institucionais e profissionais, blogs e microblogs, Wikipedia, Facebook e Twitter, sítios de partilha de conteúdos (ex: Youtube) e aplicações para Smartphone. Os social media e o ensino médico.
9- Discussão e avaliação final
Bibliografia
- Boss JM, Eckert SH. Academic scientists at work. Springer, 2nd edition, 2006. ISBN 978-0387-32176-9.
- Browner W. Publishing and presenting clinical research. Lippincott Williams & Wilkins, 2nd edition 2006. ISBN 978-07817-9506-7.
- Donato H. Guia da comunicação médica em encontros científicos. Bial, 2014. ISBN 978-989-8483-17-1.
- Fraser J, Fuller L, Hubter G. Creating effective conference abstracts and posters in biomedicine: 500 tips for success. Radcliffe Publishing Ldt, 2009. ISBN 978-184619-311-8.
- Hall GM (Editor): How to write a paper. BMJ Books, Fourth Edition, 2008. ISBN 978-1-4051-6773-4.
- Pocinho M. Metodologia de investigação e comunicação do conhecimento científico. Lidel, 2012. ISBN 978-972-757-916-7.
- Reekers JA. Presenting at medical meetings. Springer, 2010. ISBN 978-3-642-12407-5.
- Ribes R, Ros P. Medical english. Springer, 2006. ISBN 978-3-540-25428-7.
- Rogers S. Mastering scientific and medical writing. A self-help guide. Springer, 2007. ISBN 103-540-34507-8.
- Serrano P. Redação e apresentação de trabalhos científicos. Relógio D'Água, 2ª edição, 2004. ISBN 978-972-7083-00-8.
- Taylor R. The clinicians guide to medical writing. Springer, 2005. ISBN 0-387-22249-9.
- Zeiger M. Essentials of writing biomedical research papers. McGraw Hill, 2nd Edition, 1999. ISBN 0-07-154.
Método de ensino
Cada aula de 3 horas poderá incluir:
- Aula teórica de duração não superior a 50 minutos;
- Aula teórico-prática com componente interativa;
- Visualização e discussão de meios audiovisuais exemplificativos;
- Exercícios baseados em cenários simulados;
- Discussão dos temas apresentados e da documentação de apoio;
- Simpósio (apresentação de curtos trabalhos exemplificativos dos temas da unidade curricular);
- Questionários;
- Além das 28 horas presenciais programadas, está previsto um mínimo de 1 hora semanal de estudo, exercícios ou questionários realizados em regime de e-learning. Toda a atividade em regime de e-learning poderá ser realizada em qualquer local com acesso à rede da internet e é monitorizada pelo docente da unidade curricular durante o período correspondente à unidade curricular.
Método de avaliação
A classificação final será obtida pela ponderação das seguintes classificações parcelares:
I - Assiduidade: 30%
II - Participação nas aulas e participação online: 20%
III - Teste de avaliação Intercalar: 20%
IV - Teste de avaliação Final: 30%
A avaliação da assiduidade será a seguinte: o aluno que estiver presente em todas as aulas do início ao fim terá a valorização de 30%. A esse valor será descontado 7,5% por cada aula em que não tenha estado presente e 5% se só tiver assistido a parte da aula.
No item II será considerada a extensão e a qualidade da participação ativa nas aulas, assim como nos exercícios e questionários realizados online.
A Avaliação Intercalar poderá incluir perguntas de resposta múltipla, perguntas de resposta curta e perguntas de desenvolvimento, abrangerá os temas desenvolvidos durante as primeiras 4 aulas e poderá ser realizada na sala de aulas ou online (a determinar).
A Avaliação Final abrangerá os tópicos que já foram abrangidos pela Avaliação Intercalar e pelas outras avaliações, poderá ser realizada na sala de aulas ou online (a determinar).
Todas as avaliações poderão ser realizadas com consulta (open book).