Faculdade de Direito

História das Instituições

Código

MM129

Departamento

Área de Ensino

Créditos

6

Horas semanais

4.5

Objectivos

Objectivos gerais desta Unidade curricular: reflectir sobre como foi pensada e praticada, em diversos contextos históricos, a cidadania, bem como os conceitos a ela associados (pertença(s) comunitária(s), direitos e deveres, identidades), na Europa e nos espaços colonizados por países europeus. Distinguir as formas de entender e praticar a cidadania no passado e no mundo contemporâneo. Pretende-se também que os alunos adquiram competências relacionadas com a investigação, organização e exposição de informação sobre os vários temas do programa.

Objectivos específicos: compreender as continuidades e rupturas que ocorreram nas formas de entender as pertenças políticas e as identidades individuais e colectivas em tempos históricos diversos; identificar os direitos civis e políticos, bem como os deveres e obrigações que estiveram associados a essas pertenças; perspectivar historicamente conceitos como os de tolerância, discriminação, direitos humanos, pobreza, solidariedade representação política; compreender o uso que as pessoas historicamente fizeram dos tribunais e do direito para se posicionarem de forma favorável relativamente aos direitos que hoje se associam à cidadania.

Conteúdo

  1. Conceito e método da História das Instituições.

     

  2. Discussões contemporâneas sobre a cidadania: alguns tópicos.

     

  3. Discussões contemporâneas sobre modernidade e pós-modernidade.

     

  4. Paradigmas sociais e políticos na história institucional da Europa: estadualismo versus corporativismo.

 

  1.  Multiplicidade das pertenças e identidades nas sociedades europeias anteriores às revoluções liberais vs. dualidade cidadão nacional/estrangeiro e o primado do Estado-nação na atribuição dos direitos civis e políticos nos séculos XIX/XX. Estado Nação e modernidade. Portugal é uma nação antiga ou recente?

     

  2. Hierarquização social e desigualdade no pensamento social “pré-moderno” vs. ‘progresso’, ‘igualdade’ e meritocracia no pensamento social “moderno”.

 

  1. As IGNOREes do imaginário social das épocas medieval e moderna. Ordem e hierarquização social.

    1. foi a sociedade da época moderna uma sociedade de “estados” ou de indivíduos?

    2. pessoas e estados, alguns exemplos: a nobreza; as mulheres; os infiéis; os escravos. O impacto das classificações jurídicas e teológicas na definição do estatuto das pessoas.

      iii. A centralidade da Igreja na conformação dos papéis sociais e dos comportamentos.

       

  2. O “princípio da igualdade” como princípio ordenador do pensamento social contemporâneo (sécs. XIX-XX).

     

    i. A cidadania nacional e os direitos civis e políticos. Nacionais e cidadãos; a cidadania passiva e a cidadania activa.

          ii. Cidadania nacional e direitos sociais.

    iii. Cosmopolitismo e sufrágio universal.

     

     

  3. A crítica anti-liberal do Iluminismo: a igualdade e a universalidade dos direitos como categorias “metafísicas”.

 

V) A cidadania nos Impérios coloniais dos séculos XIX-XX:

 

  1. Conversão religiosa, missão civilizacional, classificações jurídicas e identidades nas sociedades coloniais.

 

  1. Cidadania no Império português contemporâneo:

  1.  
    1. Escravos e libertos;

    2. Cristãos e gentios;

    3. Selvagens e civilizados;

    4. O “sistema do indigenato”: indígenas e cidadãos; ‘assimilados’ e ‘destribalizados’.

       

      VI. Uma história dos Direitos Humanos:

  1. A «invenção dos Direitos Humanos» no século XVI?

  2. Revolução francesa e Direitos Humanos

  3. Direitos Humanos e Império.

 

VII. Tolerância e discriminação na História da Europa: uma perspectiva de longa duração;

 

VIII. O uso do direito e dos tribunais para contestar as relações de poder: o Direito pode converter-se numa “weapon of the weaks”?

Bibliografia

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Método de ensino

O curso consiste em aulas teórico-práticas, de exposição, discussão e aprofundamento dos temas propostos. É obrigatória a apresentação de temas pelos alunos, em regime de seminário, com base em bibliografia específica disponibilizada pelo Professor. O professor fará a introdução aos vários temas apresentados, a qual incluirá uma referência aos problemas de natureza teórica e metodológica associados a cada temas, a sua articulação com a linha conceptual do programa da disciplina, bem como a descrição do “estado da arte”, acompanhada da identificação das principais referências bibliográficas.

Método de avaliação

A avaliação será o resultado da classificação da apresentação oral dos textos previamente escolhidos pelos alunos e do trabalho de investigação ou relatório. Os alunos terão sempre a oportunidade de optar pelo exame final, de acordo com o regulamento de avaliação da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

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