
Mecanismos de Resistências aos Antibióticos
Código
21221
Unidade Orgânica
NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas
Departamento
Bacteriologia Médica/Genética
Créditos
6
Professor responsável
Profª Doutora Isabel Maria dos Santos Leitão Couto
Língua de ensino
Português
Objectivos
1. Conhecer os principais exemplos de bactérias resistentes aos antibióticos, a nível hospitalar e na comunidade. Saber interpretar e descrever os mecanismos de resistência associados.
2. Compreender a ação dos antibióticos a nível intracelular.
3. Compreender a importância da formação de biofilmes bacterianos no desenvolvimento de resistência aos antibióticos.
4. Ter uma visão global do impacte dos antibióticos no meio ambiente na perspectiva do conceito One Health.
5. Interpretar dados laboratoriais de testes de susceptibilidade aos antibióticos.
6. Saber desenhar e executar de modo independente protocolos laboratoriais para determinar o(s) mecanismo(s) de resistência a um dado antibiótico
Pré-requisitos
n/a
Conteúdo
Teóricos:
1-A resistência aos antibióticos no séc. XXI.
2-Principais mecanismos de resistência aos antibióticos em bactérias.
3-Bactérias resistentes aos antibióticos: exemplos mais relevantes a nível hospitalar e na comunidade. Estirpes MRSA, VISA/VRSA, VRE, M. tuberculosis multi/extensivamente resistente (M/XDRTB), bactérias Gramnegativas produtoras de ESBLs e carbapenemases.
4-Acção dos antibióticos a nível intracelular.
5-Biofilmes bacterianos e resistência.
6-Outros agentes antimicrobianos: mecanismos de ação e de resistência.
7-Antibióticos no ambiente. Conceito One Health.
Práticos:
Resolução de casestudies; determinação de mecanismos de resistência a antibióticos em isolados de E. coli e Staphylococcus aureus. Realização de ensaios de suscetibilidade a antibióticos por difusão em disco e determinação de concentrações mínimas inibitórias (CMI); pesquisa de determinantes de resistência; avaliação do efeito de diferentes mecanismos de resistência nos fenótipos observados.
Bibliografia
- Blair JM, Webber MA, Baylay AJ, Ogbolu DO, Piddock LJ. Molecular mechanisms of antibiotic resistance. Nat Rev Microbiol. 2015 Jan;13(1):4251.
- de Sousa JCF & Peixe LV (2010) Antibióticos Antibacterianos. In Microbiologia, pp453469, WF Canas Ferreira, JCF de Sousa, N Lima (ed). Lidel.
- Livermore DM (2012). Fourteen years in resistance (review). Int. J. Antimicrob. Agents. 9:283 294.
- Magiorakos A.P. et al. (2012) Multidrugresistant, extensively drugresistant and pandrugresistant bacteria: an international expert proposal for interim standard definitions for acquired resistance. Clin Microbiol Infect; 18: 268281.
- Nature Vol. 509, No. 7498 Suppl. Antibiotics, pp S1S43 (2014).
-Theuretzbacher, U (2012) Accelerating resistance, inadequate antibacterial drug pipelines and international responses (review). Int. J. Antimicrob. Agents. 39: 295 299.
Método de ensino
Na UC "Mecanismos de Resistência aos Antibióticos", pretendesse partir de vários conceitos básicos da bacteriologia e antibioterapia, já abordados em Unidades Curriculares do primeiro semestre do Mestrado em Microbiologia Médica e levar o aluno a explorá-los sob novas perspectivas, em particular compreender que a resistência aos antibióticos resulta muitas vezes de um conjunto multifactorial de circunstâncias, onde antibiótico, microrganismo, hospedeiro e ambiente, todos desempenham um papel que pode conduzir ao aparecimento de resistência e consequente falha terapêutica.
Os conteúdos das aulas teóricas assentam na descrição de bactérias resistentes aos antibióticos, mais significativos a nível hospitalar ou na comunidade. Estes exemplos ilustram os diferentes mecanismos de resistência aos antibióticos e constituem pontos de partida para a compreensão dos diferentes factores que podem desencadear o aparecimento e disseminação de estirpes resistentes. São abordados aspectos adicionais desta temática, nomeadamente a formação de biofilmes, a utilização massiva de outros compostos antimicrobianos, como os biocidas e a presença de antibióticos e biocidas no meio-ambiente como factores que poderão contribuir para o aumento da resistência aos antibióticos. É também incluída uma aula sobre a ação dos antibióticos a nível intracelular, chamando a atenção do aluno para a importância do hospedeiro no sucesso da terapêutica. Procura-se assim explorar o tema da resistência aos antibióticos de uma perspectiva abrangente e dinâmica, procurando despertar no aluno a consciência da interdisciplinaridade que este tema engloba.
Por outro lado, pretende-se que o aluno explore e desenvolva as suas capacidades ao nível de interpretação crítica de resultados experimentais, através da formulação de hipóteses e desenho de abordagens laboratoriais que permitam testar essas hipóteses. Assim, esta UC contempla também uma componente de trabalho laboratorial, na qual, após a realização dos primeiros ensaios de susceptibilidade, para um conjunto específico de antibióticos e bactérias, se irá solicitar ao aluno que formule hipóteses sobre qual(is) o(s) possível(is) mecanismo(s) que explicam alguns dos fenótipos de resistência observados e desenhe uma estratégia experimental que lhe permita (i) testar as hipóteses formuladas e (ii) concluir acerca dos mecanismos de resistência em causa. Para isso, deverá consultar a informação das aulas teóricas, mas também bibliografia adicional (artigos científicos), disponibilizada para consulta.
Procura-se assim que a componente laboratorial desta UC se aproxime o mais possível daquela que poderá ser a realidade dos alunos no ano seguinte do seu curso, em que irão realizar os eus trabalhos de dissertação e que, tal como nesta UC, se irão deparar com resultados que necessitarão de interpretar, recorrendo ao conhecimento e literatura disponíveis, num contínuo formular de hipóteses, interpretações e abordagens.
Método de avaliação
Os conteúdos teóricos são lecionados por método expositivo, promovendo a interação com os alunos. As aulas laboratoriais são realizadas em grupos (23 alunos/grupo) nas quais cada grupo recebe um par de estirpes bacterianas para as quais deverá determinar o fenótipo (susceptibilidade vs. resistência) para vários antibióticos e no casos de resistência, desenhar e executar experiências que lhe permitam determinar o(s) possíveis mecanismo(s) de resistência.
Avaliação: (i) exame escrito com perguntas de escolha múltipla, incidindo sobre os conteúdos das aulas teóricas (60% da classificação final) e (ii) preparação, apresentação e discussão do case-study (40% da classificação final). As duas componentes de avaliação são classificadas de 0 a 20 valores; serão aprovados os alunos com classificação igual ou superior a 9,5 valores nas duas componentes avaliadas.